FUNJOR lança novo projeto “Falando de Arte”

FUNJOR lança novo projeto “Falando de Arte”

A partir de hoje, a FUNJOR lança o projeto “FALANDO DE ARTE”. O objetivo é abrir espaço para crônicas, criticas e artigos sobre a arte brasileira. Quem desejar participar deve enviar foto e texto com título para contato@funjor.org.br

Abrindo a série, um texto de João Grand Jr.

 

 

 

 

Ontem,  fui ao cinema do Museu da República assistir Febre do Rato, o novo filme do polêmico e premiado diretor Cláudio Assis… Aquele mesmo de Amarelo Manga e Baixio das Bestas!

Minha impressão sobre o filme? Vamos lá…

Fotografia? Brilhante! Revela na simplicidade do preto e branco uma aquarela de possibilidades raramente explorada

Interpretações? Impecáveis! Daquelas que não se põe ou retira sequer uma vírgula

Com uma narrativa que flui através de belíssimos poemas que igualam o popular ao erudito e alternam, em sintonia fina, versos que exalam acidez, ao falar das injustiças, com versos de extrema delicadeza, ao falar de amor, amizade, sonhos e liberdade…

Como um cronista libertário, narra o cotidiano das pessoas que vivem nas periferias no Brasil (apesar de ambientado em Recife, o retrato é mais amplo); de pessoas que apesar das adversidades encontram espaço e tempo para criar, sonhar e ser feliz… O filme mostra assim a riqueza e a vida pulsante que percorre diariamente as vielas dessas periferias…

“Isto aqui, ô ô/ É um pouquinho de Brasil iá ia /Deste Brasil que canta e é feliz, /Feliz, feliz, É também um pouco de uma raça/ Que não tem medo de fumaça ai, ai/ E não se entrega não”

Com citações que remetem a importantes pensadores e artistas nordestinos, de Josué de Castro a Chico Science, o filme também é acompanhado por uma trilha sonora que valoriza a cultura regional.

Sem qualquer pudor, traço característico do diretor, Febre de Rato também questiona os padrões estéticos hegemônicos. Então se você é daqueles que só curtem o padrão Globo Filmes, cuidado, talvez Febre do Rato não seja um filme que te agrade.

Mas se você é daqueles que está de peito aberto para passear por diferentes universos da arte, mas não gostou de Amarelo Manga e, por isso, nem pensa em assistir Febre do Rato, fica então uma dica: também não gostei de Amarelo Manga, mas Febre do Rato entrou pra minha galeria dos melhores filmes que já assisti.

(João Grand Jr.)

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