José Ricardo (José Alves Tobias), estimulado por sua avó italiana, começou ainda garoto na Rádio Guanabara, no programa Ritmos da Polícia Militar, e depois na Rádio Mauá, em um programa de gente nova apresentado por Isaac Zaltman. Trabalhou em outras áreas como marcenaria e aviação. Paralelamente, buscava o sucesso e tentava o reconhecimento em concursos de calouros, como a “Grande voz de Outro ABC”, onde terminou em segundo lugar em uma das edições no Rio de Janeiro. Só em 1964, teve a grande oportunidade de gravar um compacto com a música “Eu que amo somente a ti” que depois de estourada, fez com que fosse lançado, em fevereiro de 1965, o seu primeiro LP na RCA. O sucesso foi tanto que ele participou de praticamente todas as ações comemorativas da celebração dos 400 anos da cidade do Rio de Janeiro e foi um dos vencedores do concurso “Favoritos da Nova Geração”, ao lado de Roberto, Erasmo e Wanderléa.
A partir de apresentações no programa César de Alencar na “Grande Parada Pastilhas Valdas”, onde defendeu o seu primeiro sucesso no disco, surgiu o convite para que fosse contratado pela Rádio Nacional (o grande veículo de comunicação da época) tendo um horário dentro do programa Manoel Barcellos.
Participou também, do programa ´Encontro com os Brotinhos´ apresentado por José Messias na Rádio Guanabara, sendo um dos precursores do que hoje conhecemos como ´Jovem Guarda´. Por falar em Jovem Guarda, teve o seu nome perpetuado no hino deste movimento que é a música “Festa de Arromba” composta por Roberto e Erasmo Carlos. José Ricardo foi contratado pela TV Record e participava de todos os programas da casa: “Corte Rayol Show”, “O Fino da Bossa”, “Esta Noite se Improvisa” além do famoso programa “Jovem Guarda”, comandado por Roberto Carlos. Na fase áurea da TV Record, tanto quanto a TVRio, cumpriu contrato de vários anos.
Ao longo da carreira, foi capa de várias revistas, participou de fotonovelas, participou de álbum de figurinhas, atuou como ator no filme “Jovens pra Frente” (último de Oscarito), fez mais de 6.000 apresentações, recebeu centenas de troféus e placas de reconhecimento da sua importância para a MPB, destacando-se: “Troféu Revelação do Ano” (1963) entregue pela Revista do Rádio e o “Troféu Cidade do Rio de Janeiro” (1965), entregue pela prefeitura no ano do IV centenário da cidade e ganhou o Festival da Canção com “Gina”.
Participou de grandes momentos do rádio e da televisão brasileira. Foram mais de 35 anos de carreira artística. Era um excepcional cantor e representante da MPB. Cantor romântico por excelência e dono de uma potente voz, José Ricardo não se limitava a cantar um estilo de música: procurava sempre se identificar com a modernidade. Até ao carnaval brasileiro deu sua contribuição: durante a Jovem Guarda gravou vária músicas de Carnaval – muitos o criticavam por não só cantar músicas no estilo do movimento, mas sua qualidade vocal não lhe permitia restrição de repertório e nas temporadas fora do país, nos anos 80 e 90, divulgou muito o samba em suas apresentações com repertório bem diversificado.
Nos últimos 8 anos de vida, lutou pela criação e participou ativamente pela manutenção dos Bailes Populares, na Cinelândia-RJ, que proporcionava trabalho para seus colegas e uma opção para o povo que não podia frequentar bailes em clubes particulares.
José Ricardo nunca parou, estava sempre em atividade no Brasil e no Exterior, fazendo shows, participando de programas de rádio e televisão, prestigiando apresentações de amigos e procurando sempre aprimorar ainda mais, a sua brilhante carreira. Desde o início de carreira, apresentou-se por vários países, tendo seu talento reconhecido em plagas estrangeiras. Fez temporadas nos Estados Unidos, passou por vários países da América Latina, Ásia e Europa.
Gostava mesmo de ir a Portugal, onde fazia temporadas regulares, tendo recebido homenagem especial do então presidente Mário Soares – foto. Neste país, se apresentou sempre nos grandes espaços culturais como o “Teatro Coliseu de Lisboa” e “Casino de Estoril”, o maior da Europa. Ajudou também, a divulgar o Rancho Folclórico Brasil-Portugal.
No Réveillon de 1998/1999, o cantor fez o seu último grande show que foi realizado na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro.
Em 11 de maio de 1999, perdeu a batalha para o câncer e teve o seu último momento de reconhecimento popular, quando uma multidão compareceu para se despedir do cantor no Rio de Janeiro. Naquela tarde ensolarada de 12 de maio de 1999, quarta-feira, quando o carro do Corpo de Bombeiros deixava a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, onde foi velado, a Praça da Cinelândia – Centro da cidade do RIO – por um momento parou para aplaudir o grande ídolo que lhes deixava.
Agora, parte da sua obra, através do amor e respeito ao próximo, defesa da cultura nacional e amparo aos artistas, continua com a instituição que leva o seu nome (FUNJOR é uma abreviação de Fundação José Ricardo). É nome de rua em alguns municípios do país. Em 2013, a Prefeitura do Rio homenageou o artista dando seu nome a uma estrada na cidade (Estrada José Ricardo, no bairro de Gericinó). Em 2018, também foi homenageado com uma Placa de Patrimônio Cultural Carioca, dentro do Circuito do Rádio, tendo uma placa no local onde morou no bairro do Flamengo.