O dia 16 de janeiro é representativo para uma das mais importantes figuras da cultura brasileira e da FUNJOR: o cantor Jorge Goulart (Jorge Neves Bastos). Além de grande conselheiro, participou de dezenas de projetos sociais e ajudou a consolidar o espírito solidário da instituição.
Jorge foi aluno do Colégio Pedro II e escolheu o local para celebrar os 86 anos de uma brilhante vida e uma carreira de sucesso. Nesta terça, 17 de janeiro, às 16 horas, recebe diversos amigos (Jerry Adriani, Ademilde Fonseca, Hilton Abihian, Pery Ribeiro e muitos outros) em um show especial. Todos os associados e amigos da FUNJOR estão convidados para a festa.
Como homenagem e demonstração do seu caráter e personalidade, publicamos a carta aberta encaminhada a FUNJOR, no dia 06 de março de 2009 – logo após sua posse como vice-presidente da instituição, que intitulou como ‘JOSÉ RICARDO, UM AMIGO’:
“Na década de 60, eu cantava na Rádio Record, junto com alguns nomes do elenco da Rádio Nacional, como Nora Ney, Orlando Silva, Marlene, Emilinha Borba, Nélson Gonçalves e outros que marcaram uma época. Lá encontrei um grupo de Jovem Guarda, entre eles Roberto e Erasmo Carlos, Antônio Marcos, Wanderléia e companhia. Havia ali uma pessoa muito especial … Existia na sua conduta uma filosofia única, que estava no mais recôndito do seu ser. Conjugava o verbo servir na primeira pessoa, de noite e de dia. Seria ele um escolhido daquele que o enviou e que para tanto o capacitou para auxiliar seus companheiros em conflitos?
Sua meta foi moldada ao longo de sua vida! Numa época em que a sociedade sentia as marcas da ditadura, ele era mais um entre os demais que sonhavam e acreditavam num amanhã sem muros, num Brasil sem violência, num mundo sem tirania, onde a classe artística pudesse ir e voltar, levar adiante a arte de cantar, de poder expressar através da música seu desejo de ser livre, de fazer permanecer o verde das matas, o brilho do sol, o perfume das rosas, a brisa da natureza e construir seu próprio caminho, caminho se faz caminhando. Era um discípulo que vivera boa parte da sua vida semeando mais ou menos o socialismo primitivo.
Estou falando do cantor José Ricardo, que após me conhecer tornou-se meu fã, meu amigo, meu irmão e dizia me ver como um pai.
Em 1964, com o golpe militar, eu e Nora Ney morávamos em Guarujá, e precisamos vir ao Rio para tratarmos de passaporte. José Ricardo nos emprestou um apartamento, onde nós ficamos por três meses, durante este período, José Ricardo nos levava, pessoalmente, duas quentinhas no almoço e no jantar. Esse fato continua vivo na minha memória, por isso tenho muita estima pela sua família, sua viúva Hercy Maria e seus filhos, Luiz Murillo e José Ricardo(filho).
Quando as irmãs Batista entraram em depressão, José Ricardo deu-lhes assistência, afeto e reconhecimento. Conduziu-as para a Casa de Saúde Doutor Eiras, onde as mesmas tiveram um tratamento devido e merecido. Com o falecimento de José Ricardo, sua viúva Hercy Maria e seus filhos Luiz Murillo e José Ricardo (filho), continuaram prestando assistência a Dircinha Batista. Porém a Linda e a Odete já haviam sido chamadas para perto de Deus, antes mesmo do que José Ricardo.
Nos anos 2000/2001, surgiu a proposta de se fundar uma Instituição com o propósito de auxiliar o artista em declínio, ou seja aquelas pessoas que vivem da arte e também apoiar aqueles que estão iniciando na carreira artística.
Graças à boa vontade daqueles que se dedicaram a essa tão nobre causa, foi fundada a FUNJOR- Fundação Sócio-Cultural José Ricardo, que fica situada à Rua Francisco Serrador, nº. 90, no Centro, no Rio de Janeiro – RJ.
No meu entender, esse projeto, José Ricardo já teria idealizado e hoje, nós somos convidados a assumirmos a bandeira que ele defendia! … Um abraço carinhoso do amigo, Jorge Goulart “